terça-feira, 27 de setembro de 2011

DJ Byzpo em entrevista a Portugal Harder Styles (1.ª Parte)

DJ BYZPO, é nos dias de hoje o melhor DJ português de Hardcore pelas razões que todos conhecem.
BYZPO não se trata apenas de um mero DJ, apresenta-se também como embaixador do Hardcore em Portugal - é um dois em um.
O seu trabalho como DJ e promotor do Hardcore em território luso é para todos os amantes dos Harder Styles reconhecidamente gratificante.
Muito DJ BYZPO fez, faz e irá fazer em nome do Hardcore e dos Harder Styles em Portugal.
Por tudo isto, Portugal Harder Styles (PHS) teve o prazer de entrevistar DJ BYZPO no sentido de conhecer e dar a conhecer o passado, o presente e o futuro do melhor DJ português de Hardcore da actualidade.


A entrevista que se segue foi realizada no dia 26 de Setembro de 2011. 
Por questões de organização de página a entrevista integral encontra-se dividida em duas partes:
- 1.ª parte - segue em baixo.
- 2.ª parte - aqui!


PHS
: 1. Antes de mais é um prazer enorme poder entrevistar o melhor DJ português de Hardcore da actualidade a residir em Portugal – DJ BYZPO.
Começo, então, por te perguntar: como é que tudo aconteceu, isto é, a paixão pelo Hardcore e o inicio da carreira como DJ?
DJ BYZPO: O meu inicio de carreira ocorreu em 1997 quando eu comprei os meus primeiros Technics e uma mesa de mistura de 4 canais. A minha paixão pelo Hardcore surgiu nessa mesma altura. Mas a minha carreira foi nos primeiros anos na onda do Techno, Acid do Hard-Trance. Nessa altura esse tipo de sonoridades já eram fortes e ainda pouco ouvidas nas discotecas em Portugal. No inicio não foi fácil conseguir impor-me com esses estilos mas com o tempo e vinda de artistas internacionais tornou-se mais popular. Nas lojas de discos onde costumava comprar a minha música havia muito mais oferta no Techno e acabei por ir cada vez mais para esse estilo e ficar conhecido por tocar desde Techno a Hard-Techno chegando por vezes ao Industrial. Em algumas das festas que toquei era habitual ficarem logo chocados com o som duro que eu passava. Nas festas mais hard e com pessoal a condizer, no final dos meus sets quando tudo já estava no êxtase tentava sempre encerrar com Industrial. No círculo dos dj’s, quando nos encontrávamos nas lojas, eu já era conhecido como “o puto do Hardcore”. Esse reconhecimento tornava único e até de certa forma acarinhado por alguns. Valeu-me, na altura, o XL Garcia encomendar alguns discos de labels holandesas e chegava mesmo a oferecer-me os discos de Hardcore que chegavam por engano à loja onde eu era cliente. Claro que todos eles achavam que eu era louco e que nunca iria ter mercado para me impor musicalmente. Estavam de facto correctos, e com passar dos anos, eu percebi que se queria continuar a ser DJ tinha que no máximo passar Techno. Assim as minhas actuações passaram a resumir-se na altura ao Rocks, no Porto, e em festas de clubs e raves que e eram organizadas pelas agências com quem trabalhava.
Acontece que enquanto tudo isso se passava, eu estava atento e a par da Hardcore scene holandesa e a minha paixão era cada vez maior. Comecei a fartar-me do Techno e cada vez mais me revoltada o facto de o Hardcore não vingar por cá.
Tornando-me tão radical e querendo ser fiel apenas ao Hardcore a partir de 2003 passei apenas a actuar em festas organizadas por amigos que partilhavam a mesma paixão que eu. Abandonei o Techno e dessa forma a minha carreira como DJ passou a ser mais esporádica. Mas senti-me bem com isso. Continuava a praticar o djing e a tocar mas apenas em festas mais apropriadas e pequenas. Esse tempo de retiro coincidiu com uma época em que o próprio Hardcore a nível internacional esmoreceu bastante. Se assim era na Holanda, muito mais seria comigo e na minha esfera de influência. Após 2004 e até 2009 a minha actividade era essencialmente para rádios online.
Em 2009 voltei então ao activo, e claro, apenas interessado no Hardcore. Já no ano de 2010 e bastante entusiasmado com o vigor da Hardcore scene internacional que acompanhava e me deslocava, tracei objectivos específicos e graduais para o meu regresso e crescimento artístico. Comprometi-me que 2010 e 2011 ficaram marcados como o ano do meu regresso e em força. Empenhado em fazer crescer o Hardcore e os harder styles em geral, julgo que os tempos que correm são mais favoráveis. E para o progresso da minha carreira deixei de estar tão dependente apenas do que se passa em Portugal porque existem actualmente outros meios que me possibilitam crescer artisticamente mesmo que tenha que ser fora do país.

PHS: 2. Quais os projectos passados e desconhecidos que o DJ BYZPO teve ligado? Fala-nos um pouco sobre a evolução do DJ BYZPO.
DJ BYZPO: No inicio da minha carreira de DJ estive sempre bastante próximo das pessoas da dance scene nacional sobretudo no Norte do país. Acarinhado por alguns e tido como extravagante por outros tentei encontrar o meu espaço como DJ. Inicialmente com Hard-Techno e Hard-Trance, tentei posicionar-me num segmento mais Hard. Pertenci a duas agências de dj’s que também apostavam em artistas e sons mais fortes. Participei em raves organizadas em clubs e eventos underground onde podia dar asas às minhas tendências. Fui agenciado pelo Xplictit Club e DJclub. Toquei com regularidade em clubs como Big Cansil ou o Rock’s, no Porto, que sempre foi conhecido como a casa do Techno por excelência e onde passavam os grandes artistas com quem partilhava o cartaz e no meu caso eu fazia sempre os sets finais da noite. Participei e promovi um projecto de nome MobileDJs, onde, grupos de até máximo 120 pessoas se juntavam em espaços naturais e ao ar livre onde se fazia uma rave ilegal, improvisada e com antecedência de anúncio de 2 dias antes. Um evento acabou por ser interrompido pelas autoridades e como consequência esmoreceu-se a iniciativa.
De resto, quanto mais me especializei no Hardcore menos nacional fiquei e foquei-me mais em projectos colaborativos na Europa. Já toquei pontualmente na DI.fm, Raveschur Radio, PowerHardcore e FearFM.

PHS: 3. DJ BYZPO tem um programa, todas as sextas-feiras às 22h (hora de Lisboa), numa das melhores rádios de Harder Styles – Fear.Fm – o que prestigia ainda mais a tua carreira e o nome de Portugal na cena do Hardcore. Qual a sensação de poder tocar em exclusivo para a rádio Fear.Fm e com isso levar o teu nome e o teu país para além fronteiras? Fala-nos um pouco do programa “DJ BYZPO @ FearFM”.
DJ BYZPO: A passagem à regularidade e residência na FearFM é bastante positiva. Já havia tocado antes sem frequência certa, numa primeira fase da própria FearFM, que retomou a actividade ano passado depois de um interregno.
Desde Julho passei a ser Residente DJ da FearFM e tenho um espaço reservado e um programa próprio na rádio. Tenho a liberdade total para fazer o programa como desejar. Apenas tenho que ter em conta a orientação da rádio e falar em Inglês. O meu show na verdade é um dos poucos que é falado.
Pessoalmente é muito gratificante ver a qualidade do meu trabalho como DJ reconhecida por especialistas e entusiastas do Hardcore. Também é muito agradável que a comunidade internacional do Hardcore, sabendo que em Portugal, a hardcore scene é reduzida, nos queira ajudar dando algum espaço e tempo de antena com um DJ de Hardcore português, pois para eles até à data não havia nenhum que conhecessem. Toda a gente sabe e vê que o Hardcore está a chegar e crescer noutros países europeus. Eu acho que a tendência da hardcore scene é internacionalizar-se e o crescimento do género musical passa por abrir as portas ao mundo.
A sessão #9 do meu show foi um especial de 2 horas. Julgo que há a possibilidade de ocupar mais espaço no futuro. A rádio HardStation, anteriormente concorrente directa, anunciou em Setembro a fusão com a FearFM. Todos os DJ’s da HardStation vão passar a ter os seus programas na FearFM. Acho isso bastante positivo. Irá agora haver uma reestruturação na programação da FearFM. Eu próprio gostava de poder melhorar o meu programa e passar a ter mais tempo. Fui eu que escolhi o horário em que é transmitido, tendo em conta os ouvintes portugueses. Mas acontece que é uma hora menos boa para a minha audiência europeia. Eu acompanho os ouvintes em tempo real e nunca tenho abaixo da centena de ouvintes na transmissão do meu programa às 6ª-feiras à noite. Mas as repetições do programa durante horário diurno têm uma audiência muito maior.
Para quem não consegue ouvir o programa pode sempre ouvir depois e fazer o download para ouvir no seu iPod ou leitor MP3 pois o programa está sempre disponível depois da sua transmissão.
Aproveito para agradecer a todos os meus seguidores e amigos portugueses que acompanham o programa e que me vão incentivando. Um DJ sem audiência é apenas um “pincha discos”. Por isso eu agradeço sinceramente a todos os que me seguem e ouvem o programa.
O meu programa na FearFM é apenas mais um patamar atingido numa escada de outros objectivos que tenho traçados na minha missão como DJ e como embaixador português do Hardcore.

PHS: 4. Até à data, “DJ BYZPO @ FearFM” conta com 9 sessões. Qual a sessão que mais gozo te deu? E porquê? 
DJ BYZPO: Eu tento fazer cada sessão única e diferente das anteriores. Tenho reparado que outros companheiros Residentes DJ’s da FearFM são bastante repetitivos e pouco originais. Todos os seus sets são iguais e poucas diferenças há entre as sessões. Esse é um ponto forte no meu show e que na verdade já foi distinguido por ouvintes que me ouvem e dão a sua opinião nas redes sociais. Como DJ de Hardcore eu sou relativamente abrangente. Gosto de tocar diferentes estilos e não gosto de me restringir ao mainstream. Sendo veterano, gosto muito e toco Early Hardcore, algum até ainda em vinyl. Mas há outros estilos que aprecio bastante tocar e brincar, como o Industrial e o Darkcore. A minha linha de orientação e referência é sempre o Mainstream, mas mesmo assim gosto de fazer sets bastante eclécticos e fazer um tracklist excêntrica.
Por tudo isto, e sendo que até hoje cada sessão tem sido diferente das anteriores, tenho alguma dificuldade em escolher a minha melhor sessão. Todas me dão gozo fazer e faço cada uma com dedicação exclusiva.
Se tiver que destacar alguma será então a Session #1. Pois se aquela foi a primeira, de certeza, todos vão querer ouvir as outras, quiçá melhores ainda!

PHS: 5. Como se sabe tu já tens uns bons anos de experiência na cena do Hardcore em Portugal. Qual a tua visão sobre o passado, o presente e o futuro do Hardcore no nosso país?
DJ BYZPO: Pouco há a dizer sobre o Hardcore em Portugal. A hardcore scene é praticamente inexistente até aos dias de hoje. Quero no entanto destacar os companheiros PTCore que ao longo dos anos mantiveram um fórum e ainda organizaram eventos em Lisboa e Porto e na verdade foram a única referência efectiva durante tantos anos. De resto o passado é apenas basicamente pontual. Uma festa com Leeny Dee no Porto e alguns artistas ocasionalmente presentes em algum evento, mas em que nem sequer são os harder styles o centro do mesmo. A comunidade tem-se resumido a todos aqueles que resistimos ao longo do tempo, mas estávamos isolados e perdidos algures no mapa sem contacto com outros fãs do mesmo estilo.
O presente hoje já é bastante melhor. A Internet veio ajudar muito. Hoje em dia as redes sociais, os fóruns estão à distância de um click. Para uma pessoa que se sinta sozinha e isolada no seu gosto musical por harder styles hoje é mais fácil chegar às comunidades e grupos de fãs dos harder styles, basta apenas fazer alguma pesquisa no Google. Actualmente já existem alguns pontos de referência e fácil acesso. Destaco também o excelente trabalho do projecto PT Harder Styles.

PHS: 6. E no que toca à cena internacional do Hardcore (passado, presente e futuro)?
DJ BYZPO
:
Sobre a cena internacional já há tanto para dizer que nem se pode falar em tudo. Existe muito para dizer sobre o passado, presente e futuro.
O passado tem sido positivo e crescente. O Hardcore já passou bastantes e distintas épocas ao longo dos anos. Deu origem a novos sub-géneros e alargou em muito o tipo de pessoas que hoje em dia ouve o Hardcore. A comunidade internacional já não se resume apenas ao conceito gabber, de cabelo rapado, fato treino e sapatilha. Hoje diversas estéticas e tribos estão incluídas no Hardcore e esta parte de estética deixou mesmo de ser central e importante. O centro de tipo é mesmo a música e os próprios eventos em si. Chegamos ao ponto actual onde além da Hardcore scene ser grande, vivida intensamente e com espectáculos musicais de fazer inveja a muitos outros estilos, é também um negócio altamente lucrativo para as produtoras de eventos. São centenas de milhares de euros que se investem nos grandes eventos indoor e outdoor pela Europa fora, mas o retorno é igualmente grande e bastante lucrativo sendo motivo para se fazerem cada vez mais e melhores eventos. O futuro é neste sentido. O Hardcore é hoje um produto de venda. Não apenas uma comunidade ou estilo underground. Já existe um grande mercado musical, de artistas, de merchandising e de eventos. Hoje vende-se Hardcore como se vende qualquer outro estilo de música.

2.ª PARTE
7. Há quem diga que o Hardcore chegou a morrer, tendo depois ressuscitado. Concordas com tal afirmação?
8. Como eu costumo dizer metaforicamente, o Hardstyle é fruto da relação entre o Hardcore e o Hard Trance. Acreditas que estes bons tempos da cena do Hardcore em Portugal pode arrastar também o Hardstyle, e até outros estilos dos denominados “harder styles in dance music”?
9. A noite de 9 de Julho de 2011 é uma data histórica para a Hardcore scene portuguesa, pois pela 1.ª vez Angerfist, Dyprax e Predator actuaram em Portugal. Achas que isto pode ser o inicio do nascer ou re-nascer do Hardcore em Portugal?
10. Para o dia 22 de Outubro estava agendado o Dyprax e BYZPO actuarem no Porto-Rio. Contudo, como já sabemos tal evento foi cancelado. O que tens a dizer sobre isso, sobretudo para os harderstylers mais emotivos e ansiosos que ficaram um pouco desiludidos?
11. Renato Duarte, de RD Productions, é o promotor querido de todos os harderstylers/gabbers portugueses pelas razões que todos nós conhecemos. O que pensas do trabalho desenvolvido por este jovem promotor?
12. Como qualquer artista e apaixonado pelo Hardcore, tens certamente as tuas influências. Qual é o teu DJ top5 – os 5 artistas que mais te influenciam?
13. Antes de terminar, julgo que esta questão é indispensável. Quais são os projectos futuros do DJ BYZPO em nome do Hardcore e dos Harder Styles em Portugal? Abre o jogo!
14. BYZPO muito obrigado pela tua disponibilidade para esta entrevista, foi absolutamente interessante. Já agora, queres deixar algumas palavras aos teus fãs e aos harderstylers portugueses?

Sem comentários:

Enviar um comentário